A Secretaria Estadual de Segurança Pública e Defesa Social (Sesed) finalizou o levantamento estatístico, denominado de Mapa da Violência do Rio Grande do Norte - 2011, o qual aponta que quase a metade dos 167 municípios do Estado, ou seja, 82 municípios estão com taxa de homicídio "zero".
O número pode ser até animador, mas os dados também mostram que 50,89% dos municípios (85) estão com uma taxa de homicídio acima do índice aceitável pela Organização das Nações Unidas )ONU), que é de 10 por 100 mil habitantes.
De acordo com o mapeamento apresentado pelo secretário de Defesa Social, delegado Aldair da Rocha, dos 20 municípios com as maiores taxas de homicídio do Rio Grande do Norte, 12 estão na região Oeste, pela ordem: Umarizal, Frutuoso Gomes, Lucrécia, Baraúna, Mossoró, Tibau, Paraú, Patu, Tabuleiro Grande, João Dias, Assu e Janduís.
Os outros municípios (4) estão situados na Região Metropolitana de Natal (RMN) - São Gonçalo do Amarante, Nísia Floresta, Macaíba e Natal; na região Agreste (2), Lagoa Salgada e Passagem e na região do Potengi, São Paulo do Potengi e da região do Sertão/Central, Bodó.
O município com mais alta taxa de homicídio é Umarizal, porque tendo uma população de 10.669 habitantes e tendo ocorrido 14 homicídios no ano passado, o índice ficou em 131,22. Um pouco mais abaixo bem Frutuoso Gomes, com 4.233 habitantes e uma taxa de 118,2.
Com uma população de mais de 800 mil pessoas, Natal aparece em 19º lugar entre os municípios do Rio Grande do Norte com maior taxa de homicídio (35,58%), enquanto Mossoró, que tem o segundo maior contingente populacional - quase 260 mil pessoas - aparece na quinta colocação, com taxa de 65,03. No ano passado, houve 286 homicídios na capital e em Mossoró 169, segundo a Sesed.
"Se acompanhamos a violência nas outras capitais, vai ver que o clima é o mesmo", diz o secretário Aldair Dantas, que vai "procurar que taxa de homicídio baixe de um modo geral no Rio Grande do Norte", embora os índices da maior parte dos municípios estejam abaixo da taxa de homicídios no Brasil, que é de 26,0 por 100 mil habitantes. "Nós temos todas as cidades do Estado mapeadas, a gente não tinha isso quando cheguei aqui", afirmou o secretário.
Rocha informou que uma das próximas medidas da Sesed será a criação uma Divisão de Homicídios, a exemplo da que já existe em relação à Divisão Especializada de Investigação e Combate ao Crime Organizado (Deicor).
Segundo o secretário, a ideia é ampliar a Delegacia de Homicídios, que já existe em Natal, inclusive com a colocação da Delegacia de Narcóticos (Denarc) no mesmo prédio onde deverá funcionar a Divisão de Homicídios: "A gente sabe que 90% dos casos de assassinatos têm ligação com o tráfico e consumo de drogas".
Ele disse que a governadora Rosalba Ciarlini deverá chamar mais candidatos aprovados no concurso da Polícia Civil, que ao contrários dos mais de 790 recentemente nomeados, serão chamados para atuar na capital, onde as 15 delegacias distritais também serão interligadas por um sistema on line de computadores, que hoje não existe.
Rocha ainda informou que será criada uma Delegacia do Patrimônio, "que foi desarticulada alguns anos atrás", para investigar os crimes de corrupção cometidos por servidores públicos.
O professor e sociólogo do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Edmilson Lopes Júnior, diz que em relação às pesquisas sobre violência e criminalidade, "a forma mais correta de obter informações" é a pesquisa de vitimização, na qual se faz pergunta às pessoas e à sociedade sobre os crimes de que são vítimas. "Não se faz diagnóstico de situação de segurança pública somente com dados produzidos pela própria Polícia, isso não se faz em lugar nenhum do mundo, só no Brasil é que é desse jeito".
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